Encontrei-te num labirinto...


Nom :
 
Recueil :
 
Autre traduction :
Nuno Rocha Morais »»
 
Últimos Poemas (2009) »»
 
Italien »»
«« 105 / Sommaire (106) / 107 »»
________________


Encontrei-te num labirinto...
Je t'ai trouvée dans un labyrinthe...


Encontrei-te num labirinto de histórias,
Como uma imensa colmeia
Onde se prepara para morrer a rainha
E, em breve, todo o mel arderá
Na pira de um ínfimo império.
Encontrei-te de súbito ao meu lado
Na escuridão de cinemas,
Na escuridão de sonhos.
Encontrei-te só para te perder,
Para apenas ficar com este fio cortado nas mãos.
Não me concederás sequer um espectro
Para me guiar por entre as sombras
Geradas pelo escuro coração?
Já nem o fio de Ariadne é fidedigno,
Esta meada que é saber de ti, da tua existência,
Embora o fim do fio te esconda para sempre?
Mordíamo-nos como víboras
A quem só o veneno resta de amor.
Éramos esta nudez pousando, desconfiada, no corpo,
Aterrada como a folhagem quando o vento
Soprou pela primeira vez sobre a terra,
Aterrada como a luz do primeiro relâmpago
Que fendeu o coração do céu –
E assim nós, fulminados pelo encontro.
...

Je t'ai trouvée dans un labyrinthe d'histoires,
Comme une ruche immense
Où la reine s'apprête à mourir
Et, bientôt, tout le miel va brûler
Sur le bûcher d'un petit empire.
Je t'ai trouvé soudain à mes côtés
Dans l'obscurité des cinémas,
Dans l'obscurité des rêves.
Je ne t'ai trouvé que pour te perdre,
Il ne reste plus que ce fil coupé entre nos mains.
Me donneras-tu, pas même un spectre
Pour me guider à travers les ombres
Généré par le cœur noir ?
Le fil d'Ariane lui-même n'est pas fiable,
Cet écheveau qui est savoir de toi, de ton existence,
À bout de fil te cacherait-il pour toujours ?
Nous nous mordons comme des vipères
Pour qui le venin seul est encore de l'amour.
Nous étions cette nudité déposée, méfiante, sur le corps,
Jetée à terre comme le feuillage quand le vent
A soufflé pour la première fois sur la terre,
Jetée comme le feu de la foudre première
Qui fend le cœur du ciel –
Ainsi nous étions, fulminés par la rencontre.
...

________________

Aldo Romano
Nautilus Labirinto (1988)
...

Aucun commentaire:

Enregistrer un commentaire

Nuage des auteurs (et quelques oeuvres)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant'Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (38) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (104) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (43) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (40) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (39) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (432) Pássaro de vidro (52) Poemas Sociais (30) Poèmes inédits (250) Reinaldo Ferreira (10) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)