A « Nova » Europa


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A « Nova » Europa
La « Nouvelle » Europe


Por exemplo, as jovens estónias,
Para quem o futuro foi um conceito ilegal,
Têm pressa, pressa de tudo.
Para elas, o tempo é, de facto,
Uma relatividade do espaço,
Que bebem em longos tragos –
Hoje, Paris, amanhã, o Nepal,
Depois de amanhã, a Austrália.
Não se querem enredar em nada,
Nem Deus, nem amor, nem casas.
Aprendem a exprimir sentimentos em francês
Servidos por um escanção,
Mas gostam de dizer que não têm alma,
Nunca tiveram – proibida durante décadas,
Acabou por definhar, desistir
Destes corpos altos, esguios,
Produto de um qualquer pacto com o diabo.
Embora tão bálticas, não por isso menos gregas;
Cépticas, custa-lhes a crer que o sol italiano
Seja tão incondicional na sua graça,
Que o céu possa ser tão sem censura.
Foram amamentadas a convicções profundas
E agora não acreditam em nada,
Não acreditam sequer na sua vida passada.


Les jeunes estoniens, par exemple,
Pour qui l'avenir est un concept illégal,
Sont pressés, pressés de tout.
Pour eux, le temps est, de fait,
Une relativité de l'espace,
Qu'ils boivent à longs traits –
Aujourd'hui, Paris, demain, le Népal,
Après-demain, l'Australie.
Il ne veulent être lié par rien,
Ni Dieu, ni amour, ni maisons.
Ils apprennent à exprimer leurs sentiments en français
À être servi par un sommelier,
Mais aiment à dire qu'ils n'ont point d'âme,
N'en ont jamais eu – prohibée depuis des décennies,
Et ils finissent par s'étioler, se délestant
De ces grands corps, graciles,
Produit de quelque pacte avec le diable.
Encore que très baltique, et pas moins grec pour autant ;
Sceptiques, ils ont du mal à croire que le soleil italien
Soit aussi inconditionnel dans sa grâce,
Que le ciel puisse être aussi peu censuré.
Ils ont été nourris au lait de convictions profondes
Et maintenant, ils ne croient plus en rien,
Ils ne croient même plus en leur vie passée.


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