O esterco do mundo


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O esterco do mundo
Le fumier du monde


  Tenho amigos que rezam a Simone Weil
  Há muitos anos reparo em Flannery O’Connor

Rezar deve ser como essas coisas
que dizemos a alguém que dorme
temos e não temos esperança alguma
só a beleza pode descer para salvar-nos
quando as barreiras levantadas
permitirem
às imagens, aos ruídos, aos espúrios sedimentos
integrar o magnífico
cortejo sobre os escombros

Os orantes são mendigos da última hora
remexem profundamente através do vazio
até que neles
o vazio deflagre

São Paulo explica-o na Primeira Carta aos Coríntios,
“até agora somos o esterco do mundo”,
citação que Flannery trazia à cabeceira
  J'ai des amis qui vénèrent Simone Weil
  Depuis bien longtemps je préfère Flannery O’Connor

Vénérer devrait être comme ces choses
que nous disons à quelqu'un qui dort
nous avons et n'avons pas un quelconque espoir
seule la beauté peut descendre et nous sauver
lorsque les barrières se lèvent
et permettent
aux images, aux bruits, aux sédiments impropres
d'intégrer le magnifique
cortège sous les décombres

Les orants sont les mendiants de la dernière heure
ils fouillent profondément dans le vide
jusqu’à ce que le vide
explose en eux

Saint Paul nous l'explique dans sa 1ère Lettre aux Corinthiens,
« jusqu'à présent nous sommes le fumier du monde »,
citation que Flannery gardait au chevet de ses nuits.
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Pablo Picasso
Les pauvres au bord de la mer (1903)
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