O Silêncio


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O Silêncio
Le silence


Regressamos a uma terra misteriosa
trazemos uma ferida
e o corpo ferido
imprevistamente nos volta
para margens mais remotas

Giorgio Armani tinha declarado
àquele jornal inglês: “o luxo desagrada-me,
é anti-democrático.
Quero agora homenagear os operários de todo
 o mundo”
Eu só pensava em São João da Cruz
enquanto ouvia pela enésima vez:
“a moda substituiu o luxo
pela elegância”

João da Cruz fala de coroas,
resplendores, casulas
véus de seda, relicários de ouro e
diamantes

para lá do jogo das nossas defesas
qualquer coisa interior
a intensa solidão das tempestades
os campos alagados,
os sítios sem resposta

o teu silêncio, ó Deus, altera por completo os espaços
Nous retournons vers une terre mystérieuse
nous y apportons une blessure
et notre corps blessé
de manière imprévue nous ramène
sur des rivages plus lointains.

Giorgio Armani avait déclaré
à ce journal anglais : « Le luxe me déplaît,
il est antidémocratique.
Aussi faut-il rendre hommage aux travailleurs
  du monde entier. »
Moi seul ai pensé à saint Jean de la Croix
en l’écoutant pour la énième fois :
« la mode a remplacé le luxe
par l'élégance »

Jean de la Croix parle de couronnes,
de gloires, de chasubles,
de voiles de soie, de reliquaires d'or et
de diamants

au-delà du jeu de nos défenses
quelque chose d'intérieur
la solitude intense des tempêtes
les champs inondés,
des lieux sans réponse

ton silence, ô Dieu, altère complètement les espaces
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Giovanni Boldini
Mademoiselle De Nemidoff (1908)
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