Poema do amigo morto


Nom :
 
Recueil :
 
Autre traduction :
Cassiano Ricardo »»
 
Revista Brasileira, 1976 »»
 
Italien »»
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Poema do amigo morto
Poème pour la mort d'un ami


Quem morreu, não foi ele.
Foram as coisas, que deixaram
de ser vistas pelos seus olhos.
Quem morreu, não foi ele.
Foram os objetos que a sua
mão deixou de tocar.
Os seus livros, o seu pequeno
cão, estão defuntos.
Não foi o sangue que lhe parou
de fluir, nas veias:
foi antes, o vinho quem ficou imóvel
na garrafa.
Não é ele o defunto, é o mundo
que morreu nos seus cinco sentidos.
É o sol,
o grande sol pendido
que ainda lhe ilumina o rosto.
É a rosa,
a rosa quente que já esfria,
no corpo onde, a todo momento,
abria e fechava a corola.
Há um punhal sobre a mesa.
Qual o coração, que está mais próximo
da sua cintilação homicida?
Ce n’est pas lui qui est mort.
Ce sont les choses qui ont cessées
d’être vues par ses yeux.
Ce n’est pas lui qui est mort.
Ce sont les objets que sa
main a cessé de toucher.
Ses livres, son petit
chien, sont feus désormais.
Ce n’est pas le sang qui s'est arrêté
de couler dans ses veines:
c’est le vin qui depuis reste immobile
dans la bouteille.
Ce n’est pas lui le défunt, mais le monde
qui est mort à ses cinq sens.
Le soleil,
le grand soleil suspendu
illumine encore son visage.
Et la rose,
la rose chaude qui refroidit déjà,
dans son corps, en son temps,
ouvrait et fermait sa corolle.
Il y a un poignard sur la table.
Quel cœur est le plus proche
de son meurtrier scintillement ?
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Carl Larsson
Un endroit accueillant (1894)
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