Alexandria


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Alexandria
Alexandrie


Lisboa não é Alexandria mas
Alexandria não passa de uma metrópole
em versos subida e sublimada, a sua geometria,
as incisões do pequeno desespero.
Dêem-me uma cidade, que esta minha
está cansada e não quero outra,
escadarias em que se desce sempre,
velhas varandas apalaçadas,
dêem-me uma Alexandria do pensamento,
com uma antiguidade a dourar cada hora,
cada entardecer, mas uma antiguidade
falsa, hiperbólica,
subtil de tão imaginada, unreal city.
Lisboa não é Alexandria e está cansada, houve sítios
que conheci, outros ocultos,
percursos que adivinho no avanço
das multidões, dias de festa,
lambris de janelas, amuradas.
Não quero este rio, nem o outro,
heraclitiano, que me oferecem
umas breves obras completas na estante.
Dêem-me uma cidade terrestre, sem posteridade
ou idioma, uma cidade para que eu possa
inaugurar o passado das ruas
e, sem outro propósito, respirar. 
Lisbonne n'est pas Alexandrie mais
Alexandrie n'est rien de plus qu'une métropole
dite en vers relevés et sublimes, et sa géométrie,
les incisions du petit désespoir.
Qu'on me donne une ville qui soit mienne
je suis fatigué et n'en veux point d'autre,
escaliers qui se descendent toujours
vielles et somptueuses balustrades,
qu'on me donne une Alexandrie de la pensée,
avec une antiquité qui l'adorne à chaque heure,
à chaque crépuscule, mais une antiquité
fausse, hyperbolique,
subtile et tellement imaginée, unreal city.
Lisbonne n'est pas Alexandrie, où fatigué, il y a des lieux
que j'ai connus, et d'autres que j'ignore,
des parcours devinés à l'avance
des foules, des jours de fête,
des lambris aux fenêtres, des gréements.
Je ne veux ni ce fleuve, ni l'autre,
héraclitéen, que m’offriraient
des œuvres brèves mais complètes sur l'étagère.
Qu'on me donne une ville terrestre, sans postérité
ou idiome, une cité afin que je puisse
inaugurer le passé de ses rues
et, sans autre propos, respirer.
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Giuseppe Sebasti
Alexandrie d'Égypte (1959)
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