Cem anos


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Cem anos
Cent ans


Vejo mãos que me folheiam
buscando-me a fisionomia —
  mas já passei, agora
  sou apenas poesia.
 
Vejo rostos que me amam
tentando saber quem fui —
  sou um retrato, miragem
  que o tempo dilui.
 
Vejo braços que me acenam
chamando-me insistentemente —
  para que, se a folha que passa
  passa tão de repente?
Je vois des mains qui me feuillètent
à la recherche de ma physionomie —
  mais j'appartiens au passé
  ne suis plus que poésie.

Je vois des visages qui m'aime
et cherche à savoir qui j'étais —
  je suis un portrait, un mirage
  que le temps dilue.

Je vois des bras que me font signe
et m'appellent avec insistance —
  pourquoi, si la feuille passe
  passer si soudainement ?
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Edouard Manet
Le lecteur (1861)
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