Noite de chuva


Nom :
 
Recueil :
 
Autre traduction :
Cassiano Ricardo »»
 
Poemas murais (1950) »»
 
Italien »»
«« précédent / Sommaire / suivant »»
________________


Noite de chuva
Nuit de pluie


I
Quem terá sido o homem
que caiu e, assim, já morto,
conserva, na mão, ainda acesa,
uma noturna rosa ouro?
Virão os técnicos e, todos,
examinarão o seu rosto,
a posição em que caiu,
o sal, ou não das lágrimas,
E verão que ele, o morto,
quis avisar alguém, talvez,
algum piloto, ou maquinista,
com a rosa ouro, erguida
no ar, à hora do perigo.
Uma noturna rosa ouro,
com que evitou — quem sabe? —
caísse, aos nossos pés, o pássaro
de metal, bico em hélice,
escorrendo sangue, ou máquina
em combustão de estrela.
Depois os técnicos dirão,
com mais clareza, ao vir do dia,
que já não é uma rosa,
como supunham, mas apenas
uma pobre chama de ouro.
Por fim os técnicos verão
(e levarão uma ata, exata)
que nem ouro era a chama; ouro
como se viu no dicionário,
só era o vidro da lanterna.

II
Ao passo que os heróis requerem
clarins e tambores.
I
Qui était-il cet homme tombé qui,
bien que mort, conserva dans sa main,
une rose toujours en flammes,
une rose d’or nocturne ?
Viendront les techniciens et tous
examineront son visage, la position
de son corps tombé,
le sel, ou non des larmes,
Et ils verront que lui, le mort,
a voulu avertir quelqu’un, peut-être,
un pilote, ou un machiniste,
avec cette rose d'or, levée
en l’air à l’heure du danger.
Une rose d'or nocturne,
avec laquelle évite – qui sait ? –
de tomber à nos pieds, l’oiseau
de métal, bec en hélice,
sang qui s'écoule, ou machine
à combustion d’étoiles.
Ensuite, les techniciens diront,
avec plus de clarté, le jour venant,
que ce n’était plus une rose,
comme ils l'avaient supposés, mais
seulement une pauvre flamme en or.
Et pour finir, les techniciens verront
(et noteront avec exactitude sur leur procès-verbal)
que même la flamme n'était pas celle de l'or ;
d'un or comme on en voit dans le dictionnaire,
mais seulement d'une lanterne en verre.

II
Cependant tous les héros réclament
clairons et tambours.
________________

Guglielmo Sansoni (dit Tato)
Chante, moteur, va (1934)
...

Aucun commentaire:

Enregistrer un commentaire

Nuage des auteurs (et quelques oeuvres)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant'Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (38) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (108) Casimiro de Brito (40) Cassiano Ricardo (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (47) Hilda Hilst (41) Iacyr Anderson Freitas (37) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (43) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (40) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (39) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (454) Pássaro de vidro (52) Pedro Mexia (40) Poemas Sociais (30) Poèmes inédits (270) Reinaldo Ferreira (40) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)