Opto pelo olhar estetizante...


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Ana Cristina Cesar »»
 
Luvas de pelica (1980) »»
 
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Opto pelo olhar estetizante...
J’opte pour le regard esthétisant...


Opto pelo olhar estetizante, com epígrafe de mulher moderna desconhecida (“Não estou conseguindo explicar minha ternura, minha ternura, entende?”). Não sou rato de biblioteca, não entendo quase aquele museu da praça, não tenho embalo de produção, não nasci para cigana, e também tenho o chamado olho com pecados. Nem aqui? Recito WW pra você:
J’opte pour le regard esthétisant, avec épigraphe de femme moderne inconnue. (« Je n’arrive pas à expliquer ma tendresse, ma tendresse, tu comprends ? ») Je ne suis pas un rat de bibliothèque, c'est à peine si je pratique le musée de la place, je ne suis pas une machine de production, ni ne suis née pour être gitane, et j’ai aussi ce qu’on appelle un œil empli de péchés. Pas ici ? Mais pour toi, je déclame WW(hitman) :
“Amor, isto não é um livro, sou eu, sou eu que você segura e sou eu que te seguro (é de noite? estivemos juntos e sozinhos?), caio das páginas nos teus braços, teus dedos me entorpecem, teu hálito, teu pulso, mergulho dos pés à cabeça, delícia, e chega —
« Amour, ce n’est pas un livre, c’est moi, c’est moi que tu retiens ainsi et c’est moi qui te retiens (est-ce la nuit ? étions-nous ensemble et seuls ?), je tombe de ces pages dans tes bras, tes doigts m'étourdissent, ton souffle, ton pouls, j'y plonge des pieds jusqu'à la tête, c'est un délice, et c'est tout —
Chega de saudade, segredo, impromptu, chega de presente deslizando, chega de passado em videotape impossivelmente veloz, repeat, repeat. Toma este beijo só para você e não me esquece mais. Trabalhei o dia inteiro e agora me retiro, agora repouso minhas cartas e traduções de muitas origens, me espera uma esfera mais real que a sonhada, mais direta, dardos e raios à minha volta, Adeus!
Suffisent les regrets, les secrets, l’impromptu, suffit le présent glissant, suffit le passé en cassette-vidéo impossiblement véloce, repeat, repeat. Reçois ce baiser rien que pour toi et ne m’oublie plus. J’ai travaillé toute la journée et maintenant je me retire, maintenant je pose mes lettres et mes traductions aux multiples origines, une sphère m'attend plus réelle que celle rêvée, plus directe, flèches et rayons alentour, Adieu !
Lembra minhas palavras uma a uma. Eu poderei voltar. Te amo, e parto, eu incorpóreo, triunfante,morto”.
Souviens-toi de chacun de mes mots. Je reviendrai. Je t’aime, et je m’en vais, d'un moi incorporel, triomphant, mort. »
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Victor Brauner
La parole (1938)
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