O rio


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O rio
Le fleuve


A paisagem submersa, a água morta, e eu no fundo.
Mortal, sombra ou clarão, reflexo oculto

N’água como no espaço em que estou submergido,
Eu, náufrago do sonho universal,

Afundado em mim mesmo, como minha sombra no rio.
Dentro ou fora, qual é o verdadeiro afogado?
 
A água lívida como uma lâmina de aço,
Com lampejos cruéis e ameaças de morte,
 
Passa sobre mim cortando a minha figura em pedaços.
Mas ao passo que num espelho duro o meu outro eu
[me olha com ódio
 
Aqui a água trêmula me fita com um olhar de mágoa
E o meu outro eu me sorri do fundo da água,
 
Mole, maleável como coleante ofídio.
Esse corpo sem luz como uma alma com frio
 
Me chama e por entre a água enganosa do rio
Se insinua a insidiosa idéia do suicídio.


Le paysage submergé, l'eau morte, et moi à l'arrière-plan.
Mortel, ombre ou étincelle, reflet cachée

En l'eau comme en l'espace dans lequel je suis submergé,
Moi, le naufragé du rêve universel,

Ennoyé en moi-même, en mon ombre dans le fleuve.
Au dedans ou au dehors, quelle est la vraie noyade ?

L'eau blême comme une lame d'acier,
Avec des éclairs cruels et des menaces de mort,

Passe sur moi découpant ma silhouette en morceaux.
Tandis qu'en un dur miroir mon autre moi me
[regarde avec haine

Ici, l'eau tremblante me fixe avec un regard chagrin
Et mon autre moi me sourit du fond de l'eau,

Veule, malléable contorsionné, ophidien.
Ce corps sans lumière comme une âme froide

M'appelle et du milieu de l'eau du fleuve, trompeuse
Insidieuse, l'idée du suicide s'insinue.


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Jason deCaires Taylor
Silent evolution (2009)
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