Para onde


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Para onde
Vers ce lieu


São apenas palavras, mas tão sólidas
feito velhos muros de Babel, tijolos
uns sobre os outros para atingir o céu.

São círculos concêntricos
que se interpõem ao entendimento,
são mais matérias emersas, sargaços
de mar interior que feito lava
arremessa-se de um vulcão marinho.
Cão de espessa sombra, Cérbero
a ganir a sorte, sua corte e vício,
cicios de cobras no cio.

Mover-se fora de si o Ser
se o Uno de Parmênides não permite?
Feito flecha de Zenon no ar detida,
a vida amarga em si, imóvel.
Diógenes: só nos resta andar.

Para onde

não importe, vale a pena viver, caminhar
seguindo apenas o instinto, um cão
volta para sua casa depois de perdido.

Para onde

não importa, sigamos feito ciganos
ou beduínos, Reis Magos
à procura de indícios, o Cometa.

Ce ne sont que des mots, mais si solides
faits de vieux murs de Babel, briques, les unes
sur les autres empilées, à l'assaut du ciel.

Ce sont des cercles concentriques
qui s’opposent à la compréhension,
et qui plus est, des matières émergentes, sargasses
d'une mer intérieure faites lave
se jetant d’un volcan marin.
Chien dont l'ombre est épaisse, Cerbère
glapissant après sa fortune, sa cour et ses vices,
ces bruissements de vipères en chaleur.

Se mouvoir hors de soi, Être
même si l'Un de Parménide ne le permet pas ?
Devenir flèche de Zénon dans l’air, emprisonnée,
vie en soi attristée, immobile.
Diogène : il ne nous reste plus qu’à marcher.

Vers ce lieu

où plus rien n'importe, vaut la peine de vivre, aller
en ne suivant que son instinct, chien
retournant chez lui après s'être perdu.

Vers ce lieu

où plus rien n'a d’importance, allons et soyons
gitans ou bédouins, Rois Mages
cherchant des signes, la Comète.

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Abel Grimmer or Grimer
La Torre di Babele (inizio del XVII sec.)
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