Noções de Linguística Aplicada


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Nuno Rocha Morais »»
 
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Noções de Linguística Aplicada
Notions de linguistique application


Um sujeito de bruma,
Um agente chamado poeta
Que rema contra os rumos,
Um predicado múltiplo, estilhaçado,
Precário e eterno,
Um retorno a lado algum,
Memória do imemorável,
Semente de uma qualquer consciência afogada.
Objecto directo como um polvo de cores,
Um relâmpago de gestos,
A fugacidade de uma permanência,
A superfície como um buraco
Esboroando-se lenta, lentamente.
Objecto indirecto a amada,
Incerta, distante, onírica, imaginada,
Próxima, terna.
Obliquo, um complemento circunstancial de silêncio,
Um tempo construído nas palavras,
Um modo mutável, quase miragem.
Um meio de voz, a voz profanando,
A causa, a sede desesperada das estrelas invisíveis
Mas nítidas, e este é o fim,
Porque fim não é síntese, não é completude
De nada ou ninguém.
Sem companhia, um sujeito transforma,
Faz emergir da estrutura de superfície
A estrutura profunda
Destruindo a gramática do pó,
Destruindo linguísticas, sintaxes, morfologias,
Queimando as palavras hieráticas,
Mantendo apenas viva na lembrança a arte de esquecer.

Un sujet brumeux,
Un agent nommé poète
Qui rame contre le courant,
Un prédicat multiple, éclaté,
Précaire et éternel,
Un retour du côté de nulle part,
Mémoire de l’immémorial,
Semence de quelque conscience noyée.
Objet direct comme une pieuvre de couleurs,
Un éclair de gestes,
La fugacité d’une permanence,
La surface comme un abîme
S’effondrant lentement, lentement.
Objet indirect, la bien-aimée,
Incertaine, lointaine, onirique, imaginée,
Si proche, et douce.
Oblique, un complément circonstanciel de silence,
Un temps bâti avec des mots,
Un mode variable, presque un mirage.
Au moyen d'une voix, la voix profanant,
La cause, la soif désespérée des étoiles invisibles
Mais claires, et c’est la fin,
Parce que la fin n’est pas synthèse, n’est complétude
De rien ou de personne.
Sans compagnie, un sujet se transforme,
Fait émerger de la structure extérieure
La structure profonde
Détruisant la grammaire poussiéreuse,
Détruisant linguistiques, syntaxes, morphologies,
Brûlant les paroles hiératiques,
En gardant presque vivante la mémoire de l’art d’oublier.

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Umberto Boccioni
Tête, lumière, ambiance (1912)
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