Deram-nos uma liberdade de cravos...


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Deram-nos uma liberdade de cravos...
Ils nous ont donné la liberté des œillets...


Deram-nos uma liberdade de cravos

Desenterrada dos mais sombrios tempos –
Crónica da memória –
Liberdade pisada, amarfanhada
Nas profundezas das mãos
Já lucífugas do temor;

Deram-nos esta liberdade,
Aragem exalada por certas vozes –
Zeca Afonso, “Grândola”.
Energia borbulhante nos pulsos,
Ergueram-se do ser fantasma,
Fachada já fendida.

Esta liberdade que nos deram
Celebrada em pombas transparentes
Nos fugazes dias orquestrados pela euforia.
Mas a liberdade que nos deram não é nossa,
Embora nas nossas veias seja ela a alígera
Que nos concede direito à claridade.

Não é nossa a liberdade que assenta em símbolos
Que são na alma dos nossos pais ecos
De insubmissão e vitória,
Pois que cada geração tem de esburgar
O seu querer, a sua liberdade de navegar
E buscar a sua liberdade.

Geração sem liberdade conquistada,
Rosa gerada submergida na lacuna
De estar ainda por abrir.
Ils nous ont donné la liberté des œillets

Exhumée de temps plus sombres –
Chronique de la mémoire –
Liberté piétinée, froissée
Dans les profondeurs des mains
Déjà fuyant de peur la lumière ;

Ils nous ont donné cette liberté,
Léger souffle exhalé par certaines voix –
Zeca Afonso, "Grândola".
Énergie bouillonnante dans les poignets,
Ils ont surgi de leur être fantôme,
Façade déjà fendue.

Cette liberté qu’ils nous ont donnée
Ils l'ont célébrée en colombes transparentes
Les jours fugaces orchestrés par l’euphorie.
Mais la liberté qu’ils nous ont donnée n’est pas la nôtre,
Bien que dans nos veines, c'est elle qui soit ailée
Qui nous donne droit à la clarté.

N'est pas la nôtre la liberté bâtie sur des symboles
Qui sont dans l'âme de nos pères, échos
De l’insoumission et de la victoire,
Chaque génération doit faire l'anatomie
De ses désirs, de ses capacités d'action
Et chercher sa liberté.

Génération sans liberté conquise,
Rose naissante submergée par l’entre-deux
D'un être encore à venir.
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