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Fazer o quê de todo este mel...
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Que faire de tout ce miel...
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Fazer o quê de todo este mel,
Do crescendo das tardes em ouro, pólen e Verão,
Se a vida è, afinal, sempre e só
Dos outros, afinal, sempre e só
Transformada em vala comum,
Onde tentar o bem nosso
Pelo bem dos outros
Já não é sequer o mal menor,
Cansados de mais, brutos de mais,
Nós mesmos de mais,
Sempre morais numa impossível
E exaltada falta de paciência,
Numa pressurosa falta de ternura,
Nós sempre tão corredios,
Sardónicos até nos estertores,
Impérvios a essa música que nos tece
Perdidos em pleno espaço?
Há ainda um risco para nos salvar
De toda esta segurança,
Do geométrico, bancário, ergonómico
Acomodar-se da alma,
Do espírito flácido e famélico,
Algo que nos possa restituir
O gosto dos dias,
Esse que teremos na boca
Em hora extrema, ainda o gosto dos dias?
Do crescendo das tardes em ouro, pólen e Verão,
Se a vida è, afinal, sempre e só
Dos outros, afinal, sempre e só
Transformada em vala comum,
Onde tentar o bem nosso
Pelo bem dos outros
Já não é sequer o mal menor,
Cansados de mais, brutos de mais,
Nós mesmos de mais,
Sempre morais numa impossível
E exaltada falta de paciência,
Numa pressurosa falta de ternura,
Nós sempre tão corredios,
Sardónicos até nos estertores,
Impérvios a essa música que nos tece
Perdidos em pleno espaço?
Há ainda um risco para nos salvar
De toda esta segurança,
Do geométrico, bancário, ergonómico
Acomodar-se da alma,
Do espírito flácido e famélico,
Algo que nos possa restituir
O gosto dos dias,
Esse que teremos na boca
Em hora extrema, ainda o gosto dos dias?
Que faire de tout ce miel,
Du crescendo des soirées d'or, Été et pollen,
Si la vie, pour finir, est toujours et seulement
Celle des autres, pour finir, toujours et seulement
Transformée en fosse commune,
Où risquer notre bonheur
Au bonheur des autres
N'est pas le moindre mal,
Trop épuisé, trop alourdi
Par trop de nous-même,
Toujours régulier dans cet impossible
Et exalté manque de patience,
Dans ce manque assidu de tendresse,
Nous toujours si désinvolte,
Sardonique jusque dans les affres,
Imperméable à cette musique qui nous entre-tisse
Perdu en plein espace ?
Y a-t-il une chance encore que nous soyons
Délivré de cette protection,
Géométrique, bancaire, ergonomique
Accommodements de l'âme,
De l'esprit claudicant et famélique,
Une chose que nous pourrions restituer,
Comme la saveur des jours,
Celle que nous aurons dans notre bouche
À l'heure extrême, la saveur encore des jours ?
Du crescendo des soirées d'or, Été et pollen,
Si la vie, pour finir, est toujours et seulement
Celle des autres, pour finir, toujours et seulement
Transformée en fosse commune,
Où risquer notre bonheur
Au bonheur des autres
N'est pas le moindre mal,
Trop épuisé, trop alourdi
Par trop de nous-même,
Toujours régulier dans cet impossible
Et exalté manque de patience,
Dans ce manque assidu de tendresse,
Nous toujours si désinvolte,
Sardonique jusque dans les affres,
Imperméable à cette musique qui nous entre-tisse
Perdu en plein espace ?
Y a-t-il une chance encore que nous soyons
Délivré de cette protection,
Géométrique, bancaire, ergonomique
Accommodements de l'âme,
De l'esprit claudicant et famélique,
Une chose que nous pourrions restituer,
Comme la saveur des jours,
Celle que nous aurons dans notre bouche
À l'heure extrême, la saveur encore des jours ?
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Philippe Croq - Ohé (2010) |
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