Navio naufragado


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Navio naufragado
Navire naufragé


Vinha de um mundo
Sonoro, nítido e denso.
E agora o mar o guarda no seu fundo
Silencioso e suspenso.

É um esqueleto branco o capitão,
Branco como as areias,
Tem duas conchas na mão
Tem algas em vez de veias
E uma medusa em vez de coração.

Em seu redor as grutas de mil cores
Tomam formas incertas quase ausentes
E a cor das águas toma a cor das flores
E os animais são mudos, transparentes.

E os corpos espalhados nas areias
Tremem à passagem das sereias,
As sereias leves dos cabelos roxos
Que têm olhos vagos e ausentes
E verdes como os olhos de videntes.

Il venait d'un monde
Sonore, clair et dense.
Et la mer le garde en ses fonds maintenant
Suspendu et silencieux.

Le capitaine est blanc, c'est un squelette,
Blanc comme les sables,
Il tient deux coquillages dans sa main
Il a des algues au lieu de veines
Et une méduse au lieu du cœur.

Autour de lui des grottes aux mille couleurs
prennent des formes incertaines quasi absentes
Et la couleur des eaux est celle des fleurs
Et les animaux sont muets, et transparents.

Les corps vont s'éparpiller sur les sables
Ils tremblent au passage des sirènes,
Les sirènes légères aux cheveux violets
qui ont des yeux vagues, des yeux absents
Et verts comme les yeux des voyants.

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Arturo Nathan
Statue naufragée (1930)

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