Há cidades acesas na distância...


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Sophia de Mello Breyner Andresen »»
 
Poesia (1944) »»
 
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Há cidades acesas na distância...
Il y a des villes éclairées dans la distance...


Há cidades acesas na distância,
Magnéticas e fundas como luas,
Descampados em flor e negras ruas
Cheias de exaltação e ressonância.

Há cidades acesas cujo lume
Destrói a insegurança dos meus passos,
E o anjo do real abre os seus braços
Em nardos que me matam de perfume.

E eu tenho de partir para saber
Quem sou, para saber qual é o nome
Do profundo existir que me consome
Neste país de névoa e de não ser.

Il y a des villes éclairées dans la distance,
Magnétiques et forgées comme des lunes,
Décampées de fleurs et de rues noires,
Emplies d’exaltation et de résonances.

Il y a des villes éclairées dont le brûlot
Détruit l’insécurité de mes pas,
Et l’ange du réel ouvre ses bras
Comme le nard d’un parfum qui me tue.

Mais je dois partir pour savoir
Qui je suis, pour savoir quel est le nom
De l’exister profond qui me consume
Dans ce pays de brume et de non être.

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Fernand Léger
Les hommes dans la ville (1919)

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