De todos os gatos...


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De todos os gatos...
De tous les chats...



De todos os gatos que a minha avó teve – todos com simples nomes de cores: Black, Branquinho, Cinzento, Lourinho –, quero falar deste.
De tous les chats que ma grand-mère avait – tous, avec des noms simples de couleurs : Black, Blanco, Grisette et Blondinet –, je veux vous parler.de ce dernier.
Nunca lhe fiz uma única festa. Era um gato de rua que, mesmo em casa, continuou a ter hábitos de rua. Esquivo e feroz, não deixava ninguém aproximar-se.
Jamais je ne lui fit de caresses. C'était un chat des rues qui, même à la maison, gardait ses habitudes de rue. Fuyant et farouche, il ne laissait personne l'approcher.
Só me lembro da existência desse gato ao colo da minha avó. O resto do tempo, presumíamos apenas a sua existência debaixo de um móvel qualquer – ou em cima dele –, no recanto mais escuro, mais inimaginável.
Je ne me souviens de l'existence de ce chat que sur les genoux de ma grand-mère. Le reste du temps, c'est à peine si nous pouvions présumer de son existence sous un meuble quelconque – ou sur le dessus d'un autre –, dans un recoin des plus obscur, des plus inimaginable.
Então, a minha avó, como uma encantadora, chamava por ele numa voz aguda, salmodiando-lhe o nome, a única voz que o amor reconhecia, a única voz que o amor deixava ir ao seu encontro na sombra amiga e pela qual se deixava encontrar.
Puis, ma grand-mère, comme une enchanteresse, l'appelait d'une voix aiguë, psalmodiant son nom, la seule voix que l'amour reconnaisse, la seule voix que l'amour laissât venir à sa rencontre dans l'ombre amicale et dans laquelle il se laissait trouvé.
E o Lourinho aparecia, convocado de nenhures, criatura da mais pura magia.
Et Blondinet apparaissait, convoqué de nulle part, créature de la plus pure magie.

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Franz Marc
Die weiße Katze (Kater auf gelbem Kissen) - 1912

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