Dizem os físicos...


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Dizem os físicos...
Les physiciens disent...


Dizem os físicos que o espaço-tempo é um bloco –
Que passado, presente e futuro estão já dispostos
Para entrarmos neles.
Como demonstração, um nome regressa do teu passado,
O nome que deste a noites felizes –
Uma inconfidência secreta,
Que te deixa secretamente nua
E a mim, ou por existir num limbo qualquer
Ou discretamente morto
Às mãos de um passado que não morre nunca,
Mas nos ronda, rapace,
Farejando já a carcaça futura
Na carne ferida, de tão presente.
Um nome que ondeia nos teus lábios
E lhes dá a forma de um mar longínquo,
Banhando uma praia invisível –
Ou um corpo.
[Um nome acaba por ser uma equação,
Uma fórmula, um mapa,
O sinal vedor sobre um lençol de água.]

Les physiciens disent que l'espace-temps est un bloc –
Que passé, présent et futur sont toujours disposés
Pour que nous y soyons déjà entrés
En guise de démonstration, un nom revient de ton passé,
Le nom que tu donnais à tes nuits heureuses –
Indiscrétion secrète
Qui te laisse secrètement nue
Et à moi, ou pour qu'il existe en quelques limbes
Ou soit mort discrètement
Aux mains d'un passé qui jamais ne meurt,
Mais, rapace, aux aguets,
Flairant, déjà si présente, la future
Carcasse dans la chair blessée.
Un nom qui flotte sur tes lèvres
Et leur donne la forme d'une mer lointaine,
Baignant une plage invisible –
Ou un corps.
[Un nom qui finit par être une équation,
Une formule, une carte,
Le signal médiateur d'une nappe d'eau.]

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Bernard Picart
Sourcier (gravure) (1733-1736)
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