Enfermaria


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Ruy Proença »»
 
Monstruário de fomes (2019) »»
 
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Enfermaria
Infirmerie



guarda-chuvas são animais solitaríssimos. quando adoecem, são abandonados por seus donos.
les parapluies sont des animaux très solitaires. malades, leurs propriétaires les abandonnent.
muitas vezes, os encontro no meio-fio, encolhidos, com uma costela quebrada. encontro-os
bien souvent, je les trouve sur le trottoir, recroquevillés, avec une côte cassée. je les trouve
gemendo baixinho, ensopados da cabeça às patas, como se já estivessem mortos. recolho-os
en train de gémir doucement, trempés de la tête aux pieds, presque déjà morts. je les ramasse
com todo o cuidado, para que não padeçam ainda mais. levo-os no colo até o escritório e
avec soin, pour qu'ils ne souffrent pas davantage. les porte dans mes bras jusqu'à mon bureau et
planto-os em meu jardim imaginário. trato-os com o melhor adubo e rego-os todas as manhas,
les plante dans mon jardin imaginaire. traité avec le meilleur engrais je les arrose tous les matins,
antes do sol nascer. mais cedo ou mais tarde hão de recobrar as forças, desabrochar. então,
avant le lever du soleil. tôt ou tard, ils retrouveront leurs forces, et fleuriront. alors,
o meu jardim de guarda-chuvas, ninguém terá visto outro tão belo. e quando estiver no auge
un pareil jardin de parapluies, personne n'en aura jamais vu d'aussi beau. et parvenu au sommet
de seu viço, prepararei mudas em pequenos berços e as depositarei na porta dos antigos donos.
de sa vigueur, boutures en de petits berceaux je les déposerai à la porte de leurs anciens propriétaires.
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Christian Krohg
Rue d'un village en Normandie (1882)
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