Nunca foste tão feliz...


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Nunca foste tão feliz...
Jamais tu ne fus plus heureux...


Nunca foste tão feliz
Como aos dezassete anos
Da governação do teu corpo,
Tão feliz por não conheceres, dizes,
Amor nenhum
Excepto aquele com que te amavam.
Ninguém que a tua beleza não quisesse
Poderia existir no reino dos teus dezassete anos;
Os teus olhos bastavam para extinguir ou criar,
Nada do que fixavam se perdia
E era todo um mundo que os seguia,
Como se de um capricho deles dependesse
A luz, a neve, a aceleração de sóis,
O tecido leve das noites.
Aos dezassete anos, o riso dos amigos
É o melhor dos lugares conhecidos,
A única recompensa, a única família.
Nunca mais a alegria terá dezassete anos,
Tão humana e tão leve
Na sua declaração de sóis,
Nos primeiros relances sobre a alma,
Terra ainda fácil, tão fácil,
Todas as almas dançáveis,
Todas querendo dentro de ti
Ser o teu corpo porque nunca assim se viveu
A festa de ser um corpo.

Jamais tu ne fus plus heureux
Qu'à l'âge de dix-sept ans
De la gouvernance de ton corps,
Si heureux de ne connaître, disais-tu,
Aucun amour
Excepté celui avec lequel on t'avait aimé.
Personne d'autre que ta beauté ne voulait
Ne pouvait exister au royaume de tes dix-sept ans ;
Tes yeux suffisaient pour détruire ou pour créer,
Rien de ce qu'ils ont réparé n'a été perdu
Et c'est tout un monde qui les a suivis,
Comme si cela dépendait de leurs caprices
La lumière, la neige, l'accélération des soleils,
Le tissu léger des nuits.
A dix-sept ans, le rire des amis
Est le meilleur des lieux connus,
L'unique récompense, l'unique famille.
Jamais plus la joie n'aura tes dix-sept ans,
Si humaine et si légère
Dans sa déclaration des soleils,
Dans ses premiers regards sur l'âme,
Terre encore facile, et si facile,
Toutes les âmes dansaient
Toutes voulant à l'intérieur de toi
Être ton corps car elle ne se vit jamais ainsi
La fête d'avoir et d'être un corps.

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Pablo Picasso
La Joie de vivre (1946)
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