Poema lírico


Nom :
 
Recueil :
 
Autre traduction :
Murilo Mendes »»
 
Poesias, 1925/1955 (1959) »»
 
Italien »»
«« précédent / Sommaire / suivant »»
________________


Poema lírico
Poème lyrique



 Amiga, amiga! De braço dado atravessamos o arco-íris.
 Quem nos dá esta força que nos impele acima do mar e das montanhas?
Deixamos lá embaixo os bens materiais, a violência da vida.
Amiga, amiga! Teu rosto é semelhante à lua moça,
Há nas tuas roupas um cheiro bom de mato virgem.
Tua fala saiu da caixinha de música dos meus sete anos,
 E te empinas no azul com a graça dos papagaios que eu soltava.
Ó amiga! Deixamos o reino dos homens bárbaros
Que fuzilam crianças com bonecas ao colo,
E ei-nos livres, soprados pelos ventos,
Até onde não alcançam os aparelhos mecânicos.
Unidos num minuto ou num século, que importa.

Agarrados à cauda de um cometa percorremos a criação.
Teu rosto desvendou os olhos comunicantes.
Não há mistério: só nós dois sabemos nosso nome,
As fronteiras entre amor e morte.
Eu sou o amante e tu és a amada.

Para que organizar o tempo e o espaço?


 Mon amie, mon amie ! À ton bras, traversons l'arc-en-ciel.
 Qui nous donne cette force et nous pousse au-dessus de la mer et des montagnes ?
Laissons ici-bas les biens matériels, la violence de la vie.
Mon amie, mon amie ! Ton visage est pareil à la lune,
Tes habits ont la bonne odeur des broussailles.
 Chacun de tes mots sort de la boite à musique de mes sept ans,
Et tu t'élèves dans le bleu avec la grâce des loris que je libère.
O mon amie ! Quittons le royaume des hommes barbares
Qui fusille des enfants avec leurs poupées sur les genoux,
Et libres, nous voici, emportés par les vents,
là où les appareils mécaniques ne pourront nous atteindre.
Unis pour une minute ou un siècle, qu'importe.

Agrippés à la queue d'une comète, nous parcourrons la création.
Ton visage a débusqué les yeux communicants.
Il n’y a pas de mystère : seuls nous deux savons notre nom,
La frontière entre l'amour et la mort.
Je suis l'amant et toi l'aimée.

Pourquoi organiser le temps et l'espace ?

________________

Marc Chagall
Au-dessus de la ville (1918)

Aucun commentaire:

Enregistrer un commentaire

Nuage des auteurs (et quelques oeuvres)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant'Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (38) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (104) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (43) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (40) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (39) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (432) Pássaro de vidro (52) Poemas Sociais (30) Poèmes inédits (250) Reinaldo Ferreira (3) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)