Aquarela


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Aquarela
Aquarelle


Mulheres sólidas passeiam no jardim molhado de chuva,
o mundo parece que nasceu agora,
mulheres grandes, de coxas largas, de ancas largas,
talhadas para se unirem a homens fortes.
A montanha lavada inaugura toaletes novas
pra namorar o sol, garotos jogam bola.
A baía arfa, esperando repórteres…

Homens distraídos atropelam automóveis,
acácias enfiam chalés pensativos pra dentro das ruas,
meninas de seios estourando esperam o namorado na janela,
estão vestidas só com um blusa, cabelos lustrosos
saídos do banho e pensam longamente na forma
do vestido de noiva: que pena não ter decote!
Arrastarão solenemente a cauda do vestido
até a alcova toda azul, que finura!
A noite grande encherá o espaço
e os corpos decotados se multiplicarão em outros.
Des femmes solides se promènent au jardin détrempé,
On dirait que le monde vient de naitre,
de grandes femmes aux jambes fortes, aux hanches larges,
taillées pour s'unir à des hommes robustes.
La montagne délavée inaugure de nouvelles toilettes
Pour enjôler le soleil, des gamins jouent au ballon.
Le laurier, attendant les journalistes…

Des hommes distraits renversent des voitures,
les acacias enfournent des chalets pensifs à l'intérieur des rues,
des filles aux seins bombés attendent l'amour à la fenêtre,
elles ne sont vêtus que d'une blouse, les cheveux lustrés
par la sortie du bain, elles réfléchissent longuement aux ors
de leur robe de mariée : quel dommage, pas de décolleté !
Elles feront solennellement glisser la traine de la robe
jusqu'à l'alcôve, entièrement bleue, quelle élégance !
La grande nuit va remplir tout l'espace
et les corps décolletés se multiplieront en d'autres.
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Emiliano Di Cavalcanti
Femmes avec des fruits (1932)

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