Modo histórico da cidra


Nom :
 
Recueil :
 
Autre traduction :
Fiama Hasse Pais Brandão »»
 
Era (1974) »»
 
Italien »»
«« précédent /  Sommaire / suivant »»
________________


Modo histórico da cidra
Mode historique du cédrat


Numa lápide, afinal, num puro tampo
(de mesa), um ente nasce:
o fruto (diáfano); cidra, em si a sua origem;
vem do tempo, celta ou da ibéria, já
me transcende?
Ó reino pressuposto de um
vegetal; essa paragem – cidra – no percurso.
Num tempo celebrado, o aniversário.
É um suco mortífero, ou o de um real
aberto porque o vêem muitos modos ou o dizem.
Meus anos expostos (a frutos) que formas
confirmaram: ou, mais longínquo,
houve o soalho: no espaço a hora ocorre.
A omissão de cidra ou mármore ágrio é um dom
do luto: meu exercício e o mundo.

E que urna ou ornamento (essa mesa)? É
um sentido vário; não que pareça,
mas, quando imóvel, muda. A emoção de ser
corpo (um fruto) decomposto que hoje
recrio ou lego: a minha existência
(entre os iberos) urge.

Sur une stèle, finalement, sur un pur dessus
(de table), une entité est née :
un fruit (diaphane) ; un cédrat, en lui-même son origine ;
venu d'un temps, celtique ou ibère, désormais
qui me transcende ?
Ô royaume présumé d'un
végétal ; cet arrêt - un cédrat - sur le chemin
en un temps célébré, mon anniversaire,
est un suc mortel, ou celui d'un réel
ouvert car on peut le voir de plusieurs façons ou le dire.
Mes années exposés (aux fruits) que des formes
confirmèrent ; ou, plus lointain,
il y avait le plancher ; l'heure se produit dans l'espace.
L'omission du cédrat ou l'aigreur du marbre est un cadeau
de deuil : mon exercice et le monde.

Et quelle urne ou ornement (cette table) ? C'est
de sens divers ; non qu'il périsse,
mais quand il est immobile, il change. Le plaisir d'être
un corps (fruit) décomposé qu'aujourd'hui
je recrée ou lègue : mon existence
(parmi les ibères) est urgente.

________________

Giovanna Garzoni
Nature morte aux cédrats (1660-1662)
...

Aucun commentaire:

Enregistrer un commentaire

Nuage des auteurs (et quelques oeuvres)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant'Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (38) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (104) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (43) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (40) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (39) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (433) Pássaro de vidro (52) Poemas Sociais (30) Poèmes inédits (250) Reinaldo Ferreira (11) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)