Sinieté


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Manuel de Freitas »»
 
Os Infernos Artificiais (2001) »»
 
Italien »»
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Sinieté
Sinieté


Não vale a pena empurrar o discurso
até aos nulos e fulgurantes
limites da linguagem. Não vale a pena
nomear o vazio com palavras mais estéreis ainda.
Que pereça sozinho este mundo onde
por descuido regressamos a um corpo
e lhe ensinamos a ruína, os vários rostos da morte.

Por corpo diz-se talvez
uma matéria que não nos pertence,
embora possessa a morramos.
Um nome não vale a pena.

Tudo existe, mas nada é real,
nem sequer o vazio. Digamos adeus
à alma que se nos nega
como uma salsicha sem lata,
deixando o poema esquecido
a um canto de si, esquecido e atroz.

De nosso só temos a morte,
o que não vale a pena sabermos.
Il ne vaut pas la peine de pousser le discours
jusqu'aux nulles et fulgurantes
limites du langage. Il ne vaut pas la peine
de nommer le vide avec des paroles plus stériles encore.
Que seul périsse ce monde où
par insouciance nous retournons à un corps
et lui enseignons la ruine, les différents visages de la mort.

Par corps se dit peut-être
une matière qui ne nous appartient pas,
bien que la possédant nous en mourrons.
Un nom n'en vaut pas la peine.

Tout existe, mais rien n'est réel,
pas même le vide. Disons adieu
à l'âme qui nous a renié
comme une saucisse mais sans la boîte,
laissant le poème oublié
dans un coin de lui-même, oublié et atroce.

Nous ne connaissons que notre mort,
et d'être sue, elle n'en vaut pas la peine.
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Takashi Murakami
Temps-rose (2008)
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