Heiliger Tod


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Manuel de Freitas »»
 
Beau Séjour (2003) »»
 
Italien »»
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Heiliger Tod
Heiliger Tod


Não é uma fotografia artística.
Se fosse, não falaria dela.
Estou ao lado do meu avô,
pareço feliz e ele também,
encostados a sorrir debaixo
de uma buganvília. A alegria
dele é simples, muito de avô sentado
com chapéu de feltro antigo.
A minha, por sua vez, segura
na mão a caixa de soldados nazis
que matavam ou morriam,
obedecendo a uma inocente decisão.

Ainda existirão soldadinhos?
Agora, com a idade que
tenho na mesma fotografia,
pegam numa arma e matam
porque sim, dispensando intermediários,
simulacros, lúdicas insinuações.
terão talvez maior razão, não sei.
Têm, seguramente, uma eficácia maior:
matam em vez de quererem matar.
E é belo, sempre o soubemos,
este paiol de esterco chamado humanidade.

Ninguém, da fotografia, sobreviveu.
Ce n'est pas une photographie artistique.
Si c'était le cas, je n'en parlerais pas.
Je suis à côté de mon grand-père,
j'ai l'air heureux et lui aussi,
adossés et souriants sous
un bougainvillier. Sa joie est simple,
comme celle d'un grand-père assis
avec un vieux chapeau de feutre.
La mienne, quant à elle, tient
dans sa main la boîte des soldats nazis
qui ont tué ou sont morts,
obéissant à une décision innocente.

Existeront-ils toujours, ces petits soldats ?
Sur la même photographie,
à l'âge que j'ai maintenant,
ils prennent une arme et tuent
comme ça, en se passant d'intermédiaires,
de simulacres, d'insinuations ludiques.
Ils ont peut-être des raisons, je ne sais pas.
Mais ils sont certainement plus efficaces :
Ils tuent au lieu de vouloir tuer.
Nous l'avons toujours su, il est beau
ce tas de fumier appelé humanité.

Personne sur la photographie n'a survécu.
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Gioacchino Toma
Petits patriotes (1862)
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