Quando parti, a minha mãe...


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Quando parti, a minha mãe...
Quand je suis parti, ma mère...


Quando parti, a minha mãe não me deu,
Como a mãe de d’Artagnan, esse unguento milagroso,
O bálsamo talvez levemente fétido,
Certamente inútil,
Produto de uma sabedoria
Que ganhou o ranço da ingenuidade.
Como d’Artagnan logo percebeu
Havia dores, feridas, que o bálsamo
Não podia compreender, muito menos mitigar.
O bálsamo que a minha mãe me deu
Vinha dentro de mim,
Esse que, em voz aflautada pela ironia,
Se designa por amor de mãe,
E a sua pureza muito podia
Contra os inúmeros Rocheforts do mundo.

Quand je suis parti, ma mère ne m'a pas donné,
Comme la mère de d'Artagnan, cet onguent miraculeux,
Ce baume peut-être un peu fétide,
Certainement inutile,
Produit d'une sagesse
que l'ingénuité aurait rancie.
Comme d'Artagnan s'en est vite rendu compte,
Il y a des douleurs, des blessures, que le baume
Ne pouvait contenir, encore moins soulager.
Le baume que ma mère m'a donné
Venait du plus profond d'elle-même,
Celui que, d'une voix flûtée par l'ironie,
On appelle amour maternel,
Et dont la pureté pourrait faire beaucoup
Contre les innombrables Rocheforts du monde.

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Firmin Michelet
Statue de D'Artagnan (Auch) (1931)
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