Elogios de Che Guevara - II


Nom:
 
Recueil:
 
Autre traduction:
Gilberto Nable »»
 
Poemas com (alguma) fúria & Novos elogios (2021) »»
 
Italien »»
«« précédent /  Sommaire / suivant »»
________________


Elogios de Che Guevara - II
Éloge de Che Guevara - II


2

   Há o morrer em lâmina fina
   do fuzilado ou em guilhotina
   e um morrer que se desmerece,
   morrer de cama, isto é, morrer-se.

   As astúcias da morte, João Cabral de Melo Neto

Agora jaz sobre uma padiola,
na lavanderia de Vallegrande.
Um cadáver de olhos abertos,
de peito e pés descobertos,
em sua épica e crua beleza.
Em volta tudo é penúria:
os soldados nos uniformes,
a parede e chão carcomidos,
os trapos e a maca de lona.
E lhe roubaram o relógio,
os diários e os poemas,
e lhe amputaram as mãos,
e o enterraram em segredo.
Foi a mensagem deste país
aos seus filhos e para o mundo,
da Bolívia, mera prostituta,
vendida por alguns dólares,
e na mais pública miséria!

2

   Il y a mourir par le fer aiguisé
   des baïonnettes ou par la guillotine
   et mourir sans aucun mérite, mourir
   au lit, c'est-à-dire seulement mourir.

   Les ruses de la mort, João Cabral de Melo Neto

Maintenant, il repose sur une civière
dans la blanchisserie de Vallegrande.
Un cadavre aux yeux ouverts,
torse et pieds nus,
dans son épique et cruelle beauté.
Alentour, c'est la pénurie :
les soldats en uniforme,
le mur et le sol vermoulus,
les haillons et le hamac en toile.
Ils lui ont volé sa montre,
ses journaux et ses poèmes,
lui ont amputé les mains
et l'ont enterré en secret.
Tel fut le message de ce pays
à ses enfants et au monde, Bolivie
simple prostituée, vendue
pour quelques dollars, dans la plus grande
des misères publiques !


________________

Photo prise par Marc Hutten
Le cadavre de Ernesto Guevara (1967)
...

Aucun commentaire:

Enregistrer un commentaire

Nuage des auteurs (et quelques oeuvres)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant'Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alberto Pimenta (11) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (38) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Brasileiro (1) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (108) Casimiro de Brito (40) Cassiano Ricardo (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (48) Hilda Hilst (41) Iacyr Anderson Freitas (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (43) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (40) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (39) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (467) Pássaro de vidro (52) Pedro Mexia (40) Poemas Sociais (30) Poèmes inédits (279) Reinaldo Ferreira (40) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Knopfli (43) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)