Maturi


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Maturi
Maturi

 Para Isabel Maria Sampaio Oliveira

Até o prazer dói.

Dói como fruto
que desponta
na ponta do galho,
caju impreciso.

Esse fruto -
o que está para vir
– precisa de sol
minérios
e da roleta de
chuvas e brisas.

Precisa
do que não está
na língua
dos profetas para
se tornar o doce
caju sem travo,
a essência da fruta.

O amor dói.

Dói e requer
energia, confluência
de sóis, anzóis
atados ao cordão
da melancolia.
Anzóis que carecem
fisgar a essência
do outro.

E ser – apenas ser – dói.

Dói porque tudo
é incerto e impreciso.
Nenhuma certeza
tem rosto
de pedra.
Depois de sábado
quem garante
um infalível domingo?

 Pour Isabel Maria Sampaio Oliveira

Le plaisir aussi fait mal.

Mal comme le fruit
qui pointe au bout
d'une branche, noix
de cajou incertaine.

Ce fruit –
celui qui va venir
– a besoin de soleil
de minéraux
et du roulement des
pluies et des brises.

Il a besoin
de ce qui n'est pas
dans la langue
des prophètes pour
devenir la douceur
sans entraves du cajou,
l'essence du fruit.

L'amour fait mal.

Fait mal et requiert
énergie, confluence
des soleils et crocs
attachés au cordon
de la mélancolie.
Crocs nécessaires
pour agripper l'essence
de l'autre.

Et être – simplement être – fait mal.

Mal car tout est
incertain et inexact.
Aucune certitude
n'a un visage
de pierre.
Après samedi
qui garantit
un infaillible dimanche ?

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Dirk Valkenburg
Fruits et reptiles (1707)
...

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