Longe do Sublime


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Longe do Sublime
Loin du sublime


A criança que brinca no lixo
é um lugar comum para a nossa indignada compaixão

(eu falei um dia da beleza das garças
voando sobre o lixo de Luanda).

Agora na Índia a contemplação do lixo
leva-me ao pensamento crítico dos indianos
ponderando a sua dividida modernidade.
Em Angola era mais simples:
as garças simplesmente voavam
do lixo para o mar
e ninguém tinha tempo para pensar na modernidade.

Aqui escrevem sobre o lixo e sobre os excluídos,
sobre as tribos, as castas, as seitas,
os movimentos sociais que vêm para a rua,
a guerrilha maoísta que também exixte
e tudo se move.

Enquanto alguns pensam que a Índia é um país
de milionários e de faquires...
L’enfant qui joue dans les ordures
est un lieu commun pour notre compassion indignée

(j’ai parlé un jour de la beauté des hérons
volant au-dessus des ordures de Luanda).

Maintenant en Inde la contemplation des ordures
m’amène à la pensée critique des Indiens
réfléchissant à leur modernité divisée.
En Angola, c’était plus simple :
les hérons volaient simplement
des ordures vers la mer
et personne n’avait le temps de penser à la modernité.

Ici, on écrit sur les ordures et sur les exclus,
sur les tribus, les castes, les sectes,
les mouvements sociaux qui descendent dans la rue,
la guérilla maoïste qui est présente aussi
et tout bouge.

Alors que certains pensent que l’Inde est un pays
de millionnaires et de fakirs...
________________

Sunil Das
Sans titre (1990)
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