Da sordidez


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Da sordidez
Du sordide


Sórdida é a surdina sobre nós,
Sórdido é estarmos enterrados
Vivos a horas que são ratos.
Sórdidas são as vozes à nossa volta
Que de nada sabem
E a ironia de coincidências
Que conhecem tudo.
Sórdidas são as despedidas em público
Só de palavras insípidas,
Sórdido é nunca termos tempo,
Sórdido é o lodo
Onde tudo se desencontra e venda
E cerra os dentes, ensurdecido.
Sórdido é o desespero escondido,
Mas nada em nós é sórdido,
Nenhum amor é impuro
Na forma de se urdir.
Sordide est le silence devant nous,
Sordide est pour nous d'être enterrés
Vivants à l’heure des rats.
Sordides sont les voix autour de nous
Qui ne savent rien
Et l’ironie de nos coïncidences
Qui connaissent tout.
Sordides sont les adieux en public
Ce ne sont que paroles insipides,
Sordide est de n'avoir jamais le temps,
Sordide est la fange
Où tout se trahit et se vend
Où l'on serre les dents, abasourdi.
Sordide est le désespoir qui se cache,
Mais rien en nous n’est sordide,
Aucun amour n’est impur
dans la façon qu'il a de se tramer.
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Max Ernst
L'ange du foyer (1937)
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