De porta em porta


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Abandono Vigiado (1960) »»
 
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De porta em porta
De porte en porte


- Quem? O infinito?
Diz-lhe que entre.
Faz bem ao infinito
estar entre gente.

- Uma esmola? Coxeia?
Ao que ele chegou!
Podes dar-lhe a bengala
que era do avô

- Dinheiro? Isso não!
Já sei,pobrezinho,
que em vez de pão
ia comprar vinho...

- Teima? Que topete!
Quem se julga ele
se um tigre acabou
nesta sala em tapete?

- Para ir ver a mãe?
Essa é muito forte!
Ele tem não tem mãe
e não é do Norte...

- Vítima de quê?
O dito está dito.
Se não tinha estofo
quem o mandou ser
infinito?

- Qui est-ce ? L'infini ?
Dites-lui d'entrer.
C'est bon pour l'infini
d'être parmi les gens.

- Une obole ? À un boiteux ?
Pour ce qui lui est arrivé !
Tu peux lui donner la canne
de grand-père

- De l'argent ? Surtout pas !
On sait que les mendiants,
au lieu de pain
vont s'acheter du vin...

- Il insiste ? Quelle toupet !
Que pense-t-il être
si un tel tigre finit
ainsi en tapisserie ?

- Pour revoir sa mère ?
Vraiment c'est trop fort !
Lui qui n'a pas de mère
et n'est pas du Nord ...

- Victime de quoi ?
La dicte est dite.
S'il n'en a pas l'étoffe
qui lui a demandé
d'être l'infini ?

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Leonardo da Vinci
Saint Jérôme dans le désert (1490 environ)
...

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