Pretextos para fugir do real


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Alexandre O'Neill »»
 
No Reino da Dinamarca (1958) »»
 
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Pretextos para fugir do real
Prétextes pour s'enfuir du réel


A uma luz perigosa como água
De sonho e assalto
Subindo ao teu corpo real
Recordo-te
E és a mesma
Ternura quase impossível
De suportar
Por isso fecho os olhos
(O amor faz-me recuperar incessantemente o poder da provocação. É assim que te faço arder triunfalmente onde e quando quero. Basta-me fechar os olhos)

Por isso fecho os olhos
E convido a noite para a minha cama
Convido-a a tornar-se tocante
Familiar concreta
Como um corpo decifrado de mulher
E sob a forma desejada
A noite deita-se comigo
E é a tua ausência
Nua nos meus braços

*
Experimento um grito
Contra o teu silêncio
Experimento um silêncio
Entro e saio
De mãos pálidas nos bolsos

Assobio às pequenas esperanças
Que vêm lamber-me os dedos

Perco-me no teu retrato
Horas seguidas

E ao trote do ciúme deito contas
Deito contas à vida.

À la lumière dangereuse comme une eau
De songe et d'assaut
Je monte vers ton corps effectif
Je me souviens de toi
Et tu es la même
Tendresse presque impossible
À supporter
Alors je ferme les yeux
(L'amour me fait retrouver sans relâche le pouvoir de la provocation. C'est ainsi que je te fais prendre feu triomphalement où et quand je veux. Il me suffit de fermer les yeux)

Alors je ferme les yeux
Et j'invite la nuit dans mon lit
Je l'invite à devenir émouvante
Familière concrète
Comme le corps déchiffré d'une femme
Et sous cette forme désirée
La nuit vient se coucher près de moi
Et c'est ton absence là
Qui est nue dans mes bras

*
J'essaye un cri
Contre ton silence
J'essaie un silence
Je vais et je viens
Mains pâles dans mes poches

Je siffle mes petits espoirs
Qui viennent me lécher les doigts

Je me perds dans ton portrait
Au fil des heures

Et au trot de la jalousie je rends des comptes
Je rends des comptes à la vie.

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Egon Schiele
L'étreinte (1917)
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