Rio-me de chorar muito...


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Rio-me de chorar muito...
Je me moque de trop pleurer...


Rio-me de chorar muito,
Penso, que à força de esperar,
Fiz um buraco no céu,
Que pela minha persistência
Se rege o sol.
Rio-me por também eu crer
Na mais piedosa das mentiras –
A de que, ao fim, o sofrimento
Revelará o seu sentido
E, mesmo severo, admoestando
(“Homem de pouca fé”),
Abrirá as mãos, de onde sairá
A recompensa, a graça
Ou apenas um estado neutro
Que muito deve à felicidade –
A mais cruel das mentiras.

Je me moque de trop pleurer,
À force d'attendre, je pense
Avoir fait un trou dans le ciel,
C'est ma persévérance
Qui régit le soleil.
Je me moque aussi de croire
Au plus pieux des mensonges –
Que la souffrance, à la fin,
révélerait sa signification
Et, même sévère, et grondant
(« Homme de peu de foi »),
Ouvrirait ses mains, d'où sortirait
La récompense, la grâce
Ou simplement un état neutre
Que beaucoup doivent à la félicité –
Le plus cruel des mensonges.

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Tony Feher
Tombée de nuit (2012)
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