Agora mesmo


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Agora mesmo
En ce jour même


Está gente a morrer agora mesmo em qualquer lado
Está gente a morrer e nós também

Está gente a despedir-se sem saber que para
Sempre
Este som já passou Este gesto também
Ninguém se banha duas vezes no mesmo instante
Tu próprio te despedes de ti próprio
Não és o mesmo que escreveu o verso atrás
Já estás diferente neste verso e vais com ele

Os amantes agarram-se desesperadamente
Eis como se beijam e mordem e por vezes choram
Mais do que ninguém eles sabem que estão a despedir-se

A Terra gira e nós também A Terra morre e nós
Também
Não é possível parar o turbilhão
Há um ciclone invisível em cada instante
Os pássaros voam sobre a própria despedida
As folhas vão-se e nós
Também
Não é vento É movimento fluir do tempo
 amor e morte
Agora mesmo e para todo o sempre
Amen

l y a des gens un peu partout qui meurent en ce moment
Il y a des gens qui meurent et nous aussi

Il y a des gens qui se disent adieu sans savoir que pour
Toujours
Ces mots sont du passé Ce geste aussi bien
On ne se baigne jamais deux fois dans la même eau
Tu te fais des adieux à toi-même
Tu n'es plus le même que celui qui écrivit ce vers passé
Tu es différent déjà dans ce vers et avec lui tu t'en vas.

Les amoureux s'agrippent désespérément
Vois comme ils s'embrassent et se mordent et pleurent aussi
Plus que quiconque, ils savent ce que veut dire adieu

La Terre tourne et nous aussi. La Terre meurt et nous
Aussi
Il n'est pas possible d'arrêter le tourbillon
Il y a un cyclone invisible en chaque instant
Les passereaux emportent leurs adieux à tire-d'aile
Les feuilles s'en vont et nous
Aussi.
Non le vent Mais le mouvement qui flue du temps
 d'aimer et de mourir
En ce jour même et pour toujours.
Amen

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Galileo Chini
Le typhon (1911)
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