O ano incerto, abstruso...


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O ano incerto, abstruso...
Cette année incertaine, abstruse...


O ano incerto, abstruso –
A Primavera sistemática, completamente
Estrábica, os absurdos tufos da chuva no Inverno,
A arrogância e soberba dos Verões,
A reticência de Outonos imperceptíveis,
E os amantes chorosos, sem estação
Outra para caírem em leitos de folhas
E que acabam por foder em qualquer lado.
O que se pode esperar de um homem
Senão um homem e uma besta?
A incompetência de um espaço desastrado
Que se derrama em toda a parte e nunca chega,
E se estira e se estatela,
Para por fim revelar o seu rosto
E ser o tempo embuçado,
Um tempo que, por fatigada
Mas sempre vertiginosa velocidade,
Nunca chegou a passar
E nunca foi mais nada senão
Uma máscara do próprio espaço. 

Cette année incertaine, abstruse –
Avec un Printemps systématique, complètement
Strabique, les absurdes touffes de pluie d'Hiver,
L'arrogance et la superbe des Étés,
La réticence des Automnes imperceptibles,
Et ces amants en pleurs, sans autre saison
Que celle de tomber en des lits de feuilles
Et qui finissent par forniquer n'importe où.
Que peut-on attendre d'un homme
Sinon un homme et une bête ?
L'incompétence d'un espace mal fagoté
Qui déborde de toutes parts et jamais n'arrive,
Et s'étire et s'étale,
Pour finir par dévoiler son visage,
Et d'être le temps dissimulé,
Un temps qui, de fatigue
Mais toujours à une vitesse vertigineuse,
Jamais n'arrive à passer
Et ne fut jamais rien si ce n'est
Le masque de l'espace lui-même.

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Seren Morey
Fission (2019)
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