Poema de Natal


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Poema de Natal
Poème de Noël


O frio assola
os meninos no Natal
nas grutas, nas vielas,
nos condomínios...

O frio no Natal assola
a vida de muitos.
Na solidão do vazio prato,
o esbanjar da ceia
cerceia o paladar
de quem apenas em sonho,
molha a farinha seca,
no vinho tinto e extinto
pelo derramamento
do cálice do outro.

O frio no Natal
não tem nascedouro
em dezembro.
Há longas datas
o frio assola
a boca vazia
do ano inteiro.

Em dezembro porém
uma lembrança erupciona
a pele de todos.
O frio do outro Menino,
o frio do outro...

E então, no afã de exterminar
o nosso frio, fabricamos
o calor de um só dia, esquecidos
de que como deuses
também podemos milagrar a vida.

Basta tomar
o fogo-brilho da estrela
e com a chama do divino-humano
que em nós habita,
maravilhar o mundo com
a estrela-guia da justiça.
Les enfants agonisent
de froid à Noël
dans les grottes, dans les ruelles,
ou les appartements.

Le froid de Noël détruit
la vie de nombre de personnes.
Dans la solitude de l'assiette vide,
l'abondance du souper
se réduit au goût,
rien qu'en rêve, de ceux
qui trempent leur pain sec,
dans le vin rouge du calice
renversé d'un trait
dans la gorge d'un autre.

Le lieu de naissance
du froid de Noël
n'est pas décembre.
Pendant longtemps,
le froid a dévasté
la bouche vide
de l'année entière.

Néanmoins en décembre,
un souvenir fait irruption
sur la peau de tous.
Le froid de l'autre Enfant,
le froid de l'autre...

Et puis, avec l'ardeur que nous mettons
à exterminer notre froid, nous fabriquons
la chaleur d'un seul jour, oubliant
que nous pouvons comme les dieux
faire de la vie un miracle.

Il suffit de prendre
le feu-clair d'une étoile
et, avec la flamme du divin-enfant
qui nous habite,
d'émerveiller le monde avec
l'étoile-coryphée de la justice.
________________

Rico de Candia
Vierge Noire bysantine (XVI sec.)
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