Questões de vocabulário


Nom :
 
Recueil :
Source :
 
Autre traduction :
Nuno Rocha Morais »»
 
Poèmes inédits »»
nunorochamorais.blogspot.com (septembre 2022) »»
 
Italien »»
«« précédent / Sommaire / suivant »»
________________


Questões de vocabulário
Questions de vocabulaire


À minha paciência chamarás cobardia
E não tenho como te desmentir
Porque, então, o significado é um extremo –
Para além dele só o abismo.
E, assim, todas as palavras em mim
São indefensáveis, apenas me posso calar.
Mas, então, pelo silêncio, acuso
Ou escondo, ou falseio.
Na verdade, o meu silêncio é uma sucessão
De incisões, de histórias fossilizadas.
Não sei de ti, mas desaprendi a perguntar.
As perguntas sobem ou descem?
O céu é a suspensão de uma coisa,
A terra é a consequência ou vestígio de outra.
Paralelos, pacientes, cobardes,
Jamais se infringem, nada farão um pelo outro.
À mais perfeita indiferença ouvi
Chamarem amor. Talvez fosse.
Sentem algas e é amor.
Pontapés nas costas e é.
Acessos de tosse. Náuseas. E é sempre amor.
À minha paciência chamarás cobardia.
Ao amor, gaiola aberta.
Nada restará de mim nas tuas mãos ténues.
Não perdoarás a paciência,
Não me perdoarás que espere por ti.

Ma patience, tu l'appelleras lâcheté
Et je n'ai aucun moyen de te contredire
Car la signification est alors un extrême –
Au-delà, il n'y a que l'abîme.
Et par conséquent, tous les mots en moi
sont indéfendables, je ne peux que me taire.
Mais ensuite, par le silence, j'accuse
Ou me cache ou falsifie.
En vérité, mon silence est une succession
D'incises, d'histoires fossilisées.
Je ne sais pas pour toi, mais j'ai désappris à demander.
Les questions augmentent-elles ou diminuent-elles ?
Le ciel est la suspension d'une chose,
La terre est la conséquence ou la trace d'une autre.
Parallèles, patients, lâches,
Ils ne sont jamais contraires, ni ne font rien pour l'autre.
Je n'ai jamais entendu plus parfaite indifférence
Appelons ça l'amour. Peut-être est-ce le cas.
On sent des algues et c'est l'amour.
Des coups de pied dans le dos et c'est
Quintes de toux. Nausées. Et c'est toujours l'amour.
Ma patience, tu l'appelleras lâcheté
L'amour, une cage ouverte.
Rien ne restera de moi entre tes mains ténues.
Tu ne me pardonneras pas la patience,
Tu ne me pardonneras pas de t'avoir attendu.

________________

Le Corbusier
Autrement que sur terre (1963)
...

Aucun commentaire:

Enregistrer un commentaire

Nuage des auteurs (et quelques oeuvres)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant'Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (38) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (106) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (43) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (40) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (39) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (435) Pássaro de vidro (52) Poemas Sociais (30) Poèmes inédits (252) Reinaldo Ferreira (22) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)