A minha Casa é guardiã do meu corpo...


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Hilda Hilst »»
 
Júbilo, memória, noviciado da paixão (1974) »»
 
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A minha Casa é guardiã do meu corpo...
Ma Maison est gardienne de mon corps...


A minha Casa é guardiã do meu corpo
E protetora de todas minhas ardências.
E transmuta em palavra
Paixão e veemência

E minha boca se faz fonte de prata
Ainda que eu grite à Casa que só existo
Para sorver a água da tua boca.
A minha Casa, Dionísio, te lamenta
E manda que eu te pergunte assim de frente:
À uma mulher que canta ensolarada
E que é sonora, múltipla, argonauta

Por que recusas amor e permanência?
Ma Maison est gardienne de mon corps
Et protectrice de toutes mes ardeurs.
Elle transmute en parole
Passion et véhémence

Et ma bouche devient fontaine d'argent
Même si je crie à la Maison que je n'existe
Que pour boire l'eau de ta bouche.
Dionysos, ma Maison te regrette
Et me dit de te poser cette question en face :
À une femme ensoleillée qui chante
Sonore, multiple et argonaute

Pourquoi refuses-tu un amour qui soit perenne ?
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Henri Matisse
L'Odalisque au pantalon rouge (1925)
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