Discurso ao Príncipe de Epaminondas, mancebo de grande futuro


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Discurso ao Príncipe de Epaminondas,
mancebo de grande futuro
Discours au prince d'Epaminondas,
jeune homme d'un grand avenir


Despe-te de verdades
das grandes primeiro que das pequenas
das tuas antes que de quaisquer outras
abre uma cova e enterra-as
a teu lado
primeiro as que te impuseram eras ainda imbele
e não possuías mácula senão a de um nome estranho
depois as que crescendo penosamente vestiste
a verdade do pão    a verdade das lágrimas
pois não és flor nem luto nem acalanto nem estrela
depois as que ganhaste com o teu sémen
onde a manhã ergue um espelho vazio
e uma criança chora entre nuvens e abismos
depois as que hão-de pôr em cima do teu retrato
quando lhes forneceres a grande recordação
que todos esperam tanto porque a esperam de ti
Nada depois, só tu e o teu silêncio
e veias de coral rasgando-nos os pulsos
Então, meu senhor, poderemos passar
pela planície nua
o teu corpo com nuvens pelos ombros
as minhas mãos cheias de barbas brancas
Aí não haverá demora nem abrigo nem chegada
mas um quadrado de fogo sobre as nossas cabeças
e uma estrada de pedra até ao fim das luzes
e um silêncio de morte à nossa passagem.

Dépouille-toi des vérités
les grandes avant les petites
des tiennes avant celles des autres
creuse une tombe et enterre-les
à tes côtés
d'abord celles qui t'ont dominé toi encore innocent
et elles étaient sans défaut si ce n'est d'avoir un nom étrange
puis celles qui en grandissant t'ont affreusement vêtu
la vérité du pain. . . la vérité des larmes
car fleur tu n'es ni deuil, ni berceuse ni étoile
puis celles que tu as obtenues avec ton sperme
quand le matin se dresse un miroir vide
et qu'un enfant pleure entre les nuages et les gouffres
puis celles qu'il faudra mettre au-dessus de ton portrait
lorsque tu leurs fourniras le grand souvenir
que tous espèrent car ils l'attendent de toi
Et puis rien, rien que toi et ton silence
et des veines de corail nous déchirant les poignets
Alors, mon dieu, nous pourrons nous en aller
par la plaine nue
ton corps avec des nuages sur les épaules
mes mains envahies de barbes blanches
Il n'y aura pas de retard, pas d'abri, pas d'arrivée
mais un grand carré de feu au-dessus de nos têtes
et une route de pierre jusqu'au bout des lumières
et un silence de mort à notre passage.

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Mario Cesariny
Mérite ta mort (non daté)
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