De como quase matei o poeta Carlos Drummond de Andrade


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De como quase matei o poeta
Carlos Drummond de Andrade
Comment j'ai failli tuer le poète
Carlos Drummond de Andrade


Certa vez entrei no elevador
e encontrei o poeta Carlos Drummond de Andrade.
Era no Palácio da Cultura,
na rua México, onde o poeta trabalhou
a vida inteira.
Só nós dois no elevador.
Silêncio.
Houve um espasmo poético,
um frio na barriga em verso livre,
a máquina do mundo da poesia
ali na caixa de ferro do elevador.
Fiquei pensando
que poderia matar o poeta CDA.
Ficaria famoso como ficou famoso
Lee Oswald por matar Kennedy.
Falariam de mim toda vez que
falassem de Drummond.
Mas não aconteceu nada. A porta
do elevador abriu, o poeta
publicou mais livros de poesia
e eu não matei CDA. Ah, ficaria famoso como
quem matou John Lennon.
Como era mesmo o nome dele?
Un jour, je suis entré dans l'ascenseur
et j'ai rencontré le poète Carlos Drummond de Andrade.
C'était au Palais de la culture,
rue de Mexico, où le poète travailla
toute sa vie.
Nous étions tous les deux dans l'ascenseur.
Silencieux.
J'eus alors un spasme poétique,
un froid dans le ventre en vers libre,
la machine du monde poétique était
là dans la boite en fer de l'ascenseur.
Je n'arrêtais pas de penser
que je pourrais tuer le poète CDA.
Devenant aussi célèbre qu'est célèbre
Lee Oswald pour avoir tué Kennedy.
On parlerait de moi toutes les fois
que l'on parle de Drummond.
Mais rien ne se passa. La porte
de l'ascenseur s'ouvrit, le poète
publia d'autres recueils de poésie.
Je n'ai pas tué CDA. Ah, j'aimerais être célèbre comme
celui qui tua John Lennon.
Comment s'appelait-il déjà ?
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Dana Schutz
Combat dans l'ascenseur (2015)
...

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