fado Inventário


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fado Inventário
fado de l'Inventaire


É a canção da minha vida
entre o sol e a neblina,
entre o amor e o ciúme,
este voo puro que desnuda
uma gaivota, um olhar,

é o direito e o avesso
da ausência sem regresso,
é a paixão, é o inferno
duma espera nervosa,
é o mar da aurora,

é o Tejo que murmura
ecos das caravelas,
é a tua voz no estuário,
a espuma, o rasgão
duma primavera sem andorinhas.

É a brancura, o cheiro
dos velhos bairros de Lisboa
e a força do destino,
a embriaguez do incerto 
na alma que isolada vive.

Minha legítima defesa
meu coração que bate em sobressalto
a medida da ausência,
a esperança insana, a impaciência
em suma: é o fado...

a medida da ausência,
a esperança insana, a impaciência
em suma: é o meu fado...
C'est la chanson de ma vie
entre soleil et brume
entre amour et jalousie,
et qui met à nu ce pur vol
d'une mouette ou d'un regard,

c'est l'endroit et l'envers
de l'absence sans retour,
c'est la passion, c'est l'enfer
d'une espérance nerveuse,
c'est la mer au bout de l'aube,

c'est le Tage qui murmure
les échos des caravelles,
c'est ta voix sur l'estuaire,
l'écume et la blessure
d'un printemps sans hirondelles.

C'est la blancheur, l'odeur
des vieux quartiers de Lisbonne
et la force du destin,
l'ivresse de l'incertitude
dans l'âme qui vit seule.

Ma légitime défense
mon cœur qui bat la chamade
la mesure de l'absence
l'espoir insensé, l'impatience
c'est en somme, tout le fado

la mesure de l'absence
l'espoir insensé, l'impatience
et pour tout dire : mon fatum...
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Grande Panorama de Lisboa
Azulejo (1700 ca.)
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