Em nenhum lugar, a morte...


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Em nenhum lugar, a morte...
En aucun lieu, la mort...


Em nenhum lugar, a morte é mais fácil:
A morte sempre horizonte,
Sempre presente, sempre prometida;
Os lugares, fugazes
Secam da magia que algum viver
Ou alguma memória lhes infundiu
Morrer na pátria? Ser sepultado na pátria?
Pátria é essa que em nós sonhamos,
E que, sabiamente, nunca enflora
Mais além do que o sonhar
É certo que os versos de um poeta
São o seu sonho de pátria,
A sua pátria de sonho,
Os versos do poeta são a sua sepultura,
O lugar infindo onde se deita
Para não morrer.
Por isso, onde o homem ancorou na morte,
Aí fique, matéria gerando matéria.
Ao poeta, deixe-se a voz
Que ninguém pode sepultar.

En aucun lieu, la mort n'est plus facile :
La mort toujours à l'horizon,
Toujours présente, toujours promise ;
Fugaces, les lieux
S'assèchent de la magie que certains vivants
Ou certains souvenirs leur ont infusés
Mourir au pays ? Être enterré dans son pays ?
Le pays est en nous celui que nous rêvons,
Et qui, sagement, ne fleurit jamais
Plus loin que celui qui le rêve
Il est certain que les vers d'un poète
Sont le rêve de son pays,
Et son pays de rêve,
Les vers du poète sont sa sépulture,
Le lieu sans fin où il se jette
Pour ne pas mourir.
Aussi là où l'homme est ancré dans la mort,
Il demeure, matière engendrant la matière.
Au poète, laissons la voix
Que personne ne peut enterrer.

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Le Maître du Codex Manesse
Walther von der Vogelweide (1305-1315)
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