Desesperada, mente


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Caio Fernando Abreu »»
 
Poesias nunca publicadas de... (2012) - Sem data »»
 
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Desesperada, mente
Désespéré, ment


Mentira, você não me ama.
Eu também, eu nunca te amei.

Mas o que importa a verdade
quando esta sede quase mata a gente
e nada mais que uma ilusão ardente
pode saciar a vontade
de ter amor, mesmo fingido.

Verdade, eu nunca te amei.
Você também, você nunca me amou.

Então diz que me ama. Desesperada, mente.
Te faço confissões alucinadas

e tenho febre ao lado do telefone
esperando tuas mentiras descaradas.
Sente, pouco importa a falsidade
e mente, mente meu amor, espatifada mente.

É tudo verdade, é tudo mentira.
Vamos voar num tapete voador
de olhos fechados, de mãos enlaçadas
como se houvesse amor, esquecer
que você não me ama
e eu também, eu nunca te amei,
meu amor, minha dor.
Desesperada, mente
mente, mente, meu amor
Alucinada, mente.

Mensonge, qui ne m'aime pas.
Moi non plus, je ne t'ai jamais aimé

Mais quelle importance la vérité
lorsque cette soif nous tue presque
et seule une illusion brûlante
peut étancher le désir
d'amour, même s'il est feint.

C'est vrai, je ne t'ai jamais aimé.
Toi qui ne m'as jamais aimé non plus.

Alors dis que tu m'aimes. Désespéré, ment.
Je te fais des confessions hallucinées

Et j'ai de la fièvre près du téléphone
avant d'écouter tes mensonges éhontés.
Invente, peu importe la fausseté
et ment, ment mon amour, gaspille tes menteries.

Tout est vérité, tout est mensonge.
Envolons-nous sur un tapis volant
les yeux fermés, mains entrelacées
comme si nous nous aimions, oublions
que tu ne m'aimes pas
et que moi non plus, je ne t'ai jamais aimé,
mon amour, ma douleur.
Désespéré, ment
ment, ment, mon amour
Hallucine, et ment.
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Lorenzo Lippi
Allégorie de la Simulation (1640)
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