A Paz


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Casimiro de Brito »»
 
Jardins de Guerra (1966) »»
 
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A Paz
La paix


Se eu te pedisse a paz, o que me darias
pequeno insecto da memória de quem sou
ninho e alimento? Se eu te pedisse a paz,
a pedra do silêncio cobrindo-me de pó,
a voz limpa dos frutos, o que me darias
respiração pausada de outro corpo
sob o meu corpo?

Perdoa-me ser tão só, e falar-te ainda
do meu exílio. Perdoa-me se não te peço
a paz. Apenas pergunto: o que me darias
em troca se ta pedisse? O sol? A sabedoria?
Um cavalo de olhos verdes? Um campo de batalha
para nele gravar o teu nome junto ao meu?
Ou apenas uma faca de fogo, intranquila,
no centro do coração?

Nada te peço, nada. Visito, simplesmente,
o teu corpo de cinza. Falo de mim,
entrego-te o meu destino. E a morte vivo
só de perguntar-te: o que me darias
se te pedisse a paz
e soubesses de como a quero construída
com as matérias vivas da liberdade?
Si je te demandais la paix, que me donnerais-tu ?
petit insecte de la mémoire de qui je suis
le nid et la nourriture ? Si je te demandais la paix
la pierre du silence me recouvrant de poussière,
la voix claire des fruits, que me donnerais-tu ?
la respiration suspendue d'un autre corps
sous mon corps ? 
 
Pardonne-moi d'être si seul, et de te parler encore
De mon exil. Pardonne-moi si je ne te demande pas
la paix. Je demande juste : que me donnerais-tu
en retour si je te la demandais ? Le soleil ? La sagesse ?
Un cheval aux yeux verts ? Un champ de bataille
pour graver ton nom à côté du mien ?
Ou rien qu'une lame de feu, une inquiétude
au centre de mon cœur ? 
 
Je ne te demande rien, rien. Je visite simplement
ton corps de cendre. Je parle de moi-même,
Je te confis mon destin. Et la mort, je la vis
seulement pour te demander : que me donnerais-tu
Si je te demandais la paix
et si tu sais comment elle devrait être construite
avec les matériaux vivants de la liberté.
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Jackson Pollock
Madame la Lune (1942)
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