Poema de Natal


Nom :
 
Recueil :
 
Autre traduction :
Vinícius de Moraes »»
 
Poemas, Sonetos e Baladas (1946) »»
 
Italien »»
«« précédent /   Sommaire / suivant »»
________________


Poema de Natal
Poème de Noël


Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.

Assim será nossa vida:

Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

Não há muito o que dizer:

Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos…
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

C'est ainsi que nous sommes faits :
Pour les souvenirs et d'être souvenir
Pour les pleurs et faire pleurer
Pour enterrer nos morts –
C'est ainsi. Nous avons des bras pour les adieux
Des mains pour cueillir ce qui fut donné
Des doigts pour creuser la terre.

Elle sera ainsi notre vie :

Un soir à toujours oublier
Une étoile qui s'efface dans les ténèbres
Un chemin entre deux tombeaux –
Aussi nous faut-il veiller à
Parler bas, marcher doucement, voir
La nuit dormir en silence.

Il n'y a pas grand chose à dire :

Une chanson près d'un berceau
Un vers, peut-être est-il d'amour
Une prière pour ceux qui s'en vont –
Mais que cette heure ne soit pas oubliée
Et pour elle, que nos cœurs
s'abandonnent, simples et graves.

Car c'est ainsi que nous sommes faits :
Pour l'espoir du miracle,
Pour faire-part de la poésie
Pour voir le visage de la mort -
Et soudain, plus jamais nous n'attendrons ...
La nuit est jeune aujourd'hui ; c'est à peine si
nous sommes nés de la mort, immensément.

________________

George Frederic Watts
L'espoir (1885)

...

Aucun commentaire:

Enregistrer un commentaire

Nuage des auteurs (et quelques oeuvres)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant'Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (38) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (104) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (43) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (40) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (39) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (433) Pássaro de vidro (52) Poemas Sociais (30) Poèmes inédits (250) Reinaldo Ferreira (11) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)