Escuros tempos


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Marina Colasanti »»
 
Gargantas abertas (1998) »»
 
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Escuros tempos
Temps sombres


As noites
nas cidades da guerra
eram mudas e escuras
como os campos
apagadas as ruas
as praças quedos lagos
falsa ausência
deitava-se nas sombras.
Uma ave nos céus
chamada morte
caçava guiada pela luz.
Cuidado crianças com a lâmpada acesa
mulheres não esqueçam o pano negro
diante das janelas
basta uma friesta
para apagar a vida.

Quando a guerra acabou
na minha terra
janelas continuaram pintadas de preto
esquecimento ou luto
os vidros
como almas
precisaram de um tempo
para deixar passar a claridade.
Les nuits
dans les cités en guerre
étaient obscures et muettes
comme les champs,
les rues, éteintes
les places, de paisibles lacs,
une fausse absence
était couchée dans l'ombre.
Dans le ciel un oiseau
appelé mort
chassait guidé par la lumière.
Enfants soucieux avec une lampe allumée
femmes qui n'oublient pas le tissu noir
devant les fenêtres
un rai de lumière suffit
pour éteindre la vie.

Lorsque fut terminée la guerre
dans mon pays
les fenêtres restèrent peintes avec le noir
de l'oubli ou du deuil
les vitres
comme les âmes
ont besoin de temps
pour laisser passer la lumière.
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Giulio Turcato
Ruines de guerre (1950)
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