Ás seis da tarde...


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Ás seis da tarde...
Ás seis da tarde...


às seis da tarde
as mulheres choravam
no banheiro
não choravam por isto
ou por aquilo
choravam porque o pranto subia
garganta acima
mesmo se os filhos cresciam
com boa saúde
se havia comida no fogo
e se o marido lhes dava
do bom
e do melhor
choravam porque no céu
além do basculante
o dia se punha
porque uma ânsia
uma dor
uma gastura
era só o que sobrava
dos seus sonhos
agora
às seis da tarde
as mulheres regressam do trabalho
o dia se põe
os filhos crescem
o fogo espera
e elas não podem
não querem
chorar na condução
le soir à six heures
les femmes pleuraient
dans les salles de bains.
elles ne pleuraient pas
pour ceci ou cela
elles pleuraient parce que les larmes
leur montaient aux yeux
même si leurs enfants grandissaient
en bonne santé
s'il y avait de la nourriture sur le feu
et que leur mari leur donnait
du bon
et du meilleur
elles pleuraient parce que dans le ciel
au-delà du point de bascule
le jour se levait
parce qu'un désir
une douleur
une sensation de brûlure
était tout ce qui restait
de leurs rêves.
maintenant
à six heures le soir
les femmes rentrent du travail
le jour se couche
les enfants grandissent
le feu attend
et elles ne peuvent pas
elles ne veulent pas
pleurer au volant.
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Tamara de Lempicka
Autoportrait à la Bugatti verte (1929)
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