Tempos idos


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Tempos idos
Temps jadis


Não enterres, coveiro, o meu Passado,
Tem pena dessas cinzas que ficaram;
Eu vivo d'essas crenças que passaram,
E quero sempre tê-las ao meu lado!

Não, não quero o meu sonho sepultado
No cemitério da Desilusão,
Que não se enterra assim sem compaixão
Os escombros benditos do Passado!

Ai! não me arranques d'alma este conforto!
- Quero abraçar o meu Passado morto
- Dizer adeus aos sonhos meus perdidos!

Deixa ao menos que eu suba á Eternidade
Velado pelo círio da Saudade,
Ao dobre funeral dos tempos idos!

N'enterre pas, fossoyeur, mon Passé,
Aie pitié de ces cendres qui vécurent ;
Je vis de ces croyances dépassées,
Et veux toujours les avoir près de moi !

Non, je ne veux pas mon rêve ensevelir
Dans le cimetière des désillusions,
Que tu enterres ainsi sans compassion
Débris et décombres bénis du Passé !

N'arrache pas ce confort à mon âme !
- Je veux pouvoir embrasser mon Passé mort
- Et dire adieu aux rêves miens perdus !

Laisse au moins que j'aille en l'Éternité
Voilé par la bougie du Souvenir,
Aux doubles funérailles du temps passé !

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Pascal Dagnan-Bouveret
Hamlet et le fossoyeur (1864)
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