Soneto - A meu Pai doente


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Soneto - A meu Pai doente
Sonnet - À mon Père souffrant


Para onde fores, Pai, para onde fores,
Irei também, trilhando as mesmas ruas...
Tu, para amenizar as dores tuas,
Eu, para amenizar as minhas dores!

Que coisa triste! O campo tão sem flores,
E eu tão sem crença e as árvores tão nuas
E tu, gemendo, e o horror de nossas duas
Mágoas crescendo e se fazendo horrores!

Magoaram-te, meu Pai?! Que mão sombria,
Indiferente aos mil tormentos teus
De assim magoar-te sem pesar havia?!

- Seria a mão de Deus?! Mas Deus enfim
É bom, é justo, e sendo justo, Deus,
Deus não havia de magoar-te assim!

Où que tu ailles, Père, où que tu ailles,
J'irai aussi, foulant les mêmes rues...
Toi, pour que s'adoucissent tes souffrances,
Moi, pour que s'adoucissent ma souffrance !

Quelle chose triste ! Les champs sans fleurs,
Moi qui ne crois plus, les arbres si nus
Toi, gémissant, et l'horreur de nos deux
Chagrins qui grandissent, et se font horreurs !

Mon Père, ils t'ont fait mal ?! Quelle main sombre,
Indifférente à tes mille tourments
voudrait te faire mal ainsi et sans regret ?!

– Serait-ce la main de Dieu ?! Mais enfin
Dieu est bon, est juste, et étant juste, Dieu,
Dieu ne te ferait pas de mal ainsi !

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Edvard Munch
Agonie (1915)
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