Há horas que é preciso...


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Há horas que é preciso...
Durant des heures, il a fallu...


Há horas que é preciso roer, esburgar,
Por mais que os esqueletos do tempo,
Cedo ou tarde, se volvam fantasmas
Que talvez não tenham nunca deixado de ser.
São horas, estas em que espero,
Com o meu irmão, estóico sem filosofia,
A eflorescência de um sorriso,
O sorriso da minha mãe numa cama de hospital
Para a ressurreição da anestesia.
A minha mãe é a alegria desta brancura estéril,
Deste berço de agonias, destas paredes que gemem,
Insones, contra os pesadelos do corpo,
A minha mãe é a minha alegria,
Como o será no paraíso de todos os deuses.
E agora está a minha mãe sossegada
Como o mar saciado de marés.
Como o mar, a minha mãe.
Além dele, estão realmente os fictícios reinos
De monstros e terras em fogo,
Que terão formas outras,
Mas não serão menos de monstros e terras em fogo.
A minha mãe em sossego agora,
Como um mar que espero não acabe.
Embarcaste na vigília,
Vês como tece e destece noites,
Ondulação vazia de sonhos –
Só o gume de um sobressalto,
O episódio de um gemido.

Durant des heures, il a fallu désosser, rogner,
Même si les squelettes du temps,
Tôt ou tard, reviennent comme des fantômes
Qui n'ont semble-t-il jamais cessé d'être.
Ce sont des heures, celles où j'attends,
Avec mon frère, stoïque sans philosophie,
L'efflorescence d'un sourire,
Le sourire de ma mère sur un lit d'hôpital
Après la résurrection de l'anesthésie.
Ma mère est la joie de cette blancheur stérile,
De ce berceau des agonies, de ces parois qui gémissent,
Insomnieuses, contre les cauchemars du corps,
Ma mère est aussi ma joie,
Comme elle le sera dans le paradis de tous les dieux.
Et maintenant ma mère est calme
Comme la mer rassasiée par les marées.
Comme la mer, elle est ma mère.
A part cela, il y a réellement des royaumes fictifs
De monstres et de terres en feu,
Qui prendront d'autres formes,
Mais n'en seront pas moins monstres et terres en feu.
Ma mère est en paix maintenant,
Comme une mer qui, je veux le croire, ne finira jamais.
Vois, embarqué de la veille,
comme elle tisse et détisse des nuits,
La vide ondulation des rêves –
Lame seulement d'un soubresaut,
Épisode d'un gémissement.

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Soins aux malades
Hôpital de Notre-Dame à Tournai
(miniature du XIV sec.)
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